Chegou o dia de “Sebastião” subir ao palco do Teatro Amazonas, pela primeira vez, com memórias da década de 70, registradas no livro de Bosco Fonseca, “Um Bar Chamado Patrícia”, números musicais de sete drag queens, experiências dos atores, diferentes tipos de violência vivenciados pela comunidade LGBTQIAPN+ e outra versão da história de São Sebastião. Neste domingo (16/03), o Ateliê 23 apresenta o novo espetáculo da companhia em duas sessões, 18h e 20h.
A apresentação marca ainda o lançamento do single “Toda La Noche” nas plataformas digitais. Os ingressos estão disponíveis por R$ 80 (plateia e lugar nas frisas), R$ 60 (1º pavimento), R$ 50 (2º pavimento), R$ 40 (terceiro pavimento), no perfil da companhia no Instagram (@atelie23), no site shopingressos.com.br e nas Óticas Diniz. Pessoas com deficiência têm acesso gratuito e estudantes, idosos e acompanhantes de PcDs pagam meia-entrada, conforme lei estadual. Os assentos de frisas e camarotes são por ordem de chegada.
O desejo de criar “Sebastião” surgiu em 2021, quando o grupo amazonense liderado por Taciano Soares e Eric Lima foi vítima de crimes de ódio, homofobia, sorofobia e racismo, entre outros. Mas foi em 2024, após intenso trabalho de pesquisa, aliado aos causos do Bar Patrícia, diálogo com a teoria que adota São Sebastião como patrono da comunidade LGBTQIAPN+ e depoimentos do elenco que o espetáculo tomou forma.
“Percebemos a necessidade e urgência do debate numa tentativa de elaborar uma outra nova forma de diálogo sobre este tema e o Ateliê 23 decidiu responder a todos os atos de violência através da arte”, afirma o ator Eric Lima.
Taciano Soares conta que também foram horas de conversa com o estilista Bosco Saraiva para compor o enredo da peça. O autor do livro “Um Bar Chamado Patrícia” reuniu relatos do início do movimento gay em Manaus.
“É uma honra apresentar esse espetáculo, narrar as histórias dessas pessoas, que são sobreviventes, drag queens dos anos 70 em plena ditadura militar, que existiram no Bar Patrícia, lugar que existiu por dez anos e resistiu mesmo com toda truculência que a ditadura militar implantou no nosso país”, comenta o diretor da companhia.
“Queremos agradecer porque, graças a essas pessoas, hoje podemos fazer teatro e falar sobre essas histórias com toda liberdade possível. O conservadorismo é difícil, existem as forças que dizem que nós não devemos viver, mas estamos aqui”, completa o artista.
Após as apresentações no Teatro Amazonas, a peça vai compor a programação do Festival de Curitiba 2025, com sessões na Mostra Lúcia Camargo, nos dias 5 e 6 de abril. É o segundo ano consecutivo que a companhia de teatro amazonense participa de um dos maiores e mais importantes festivais de artes cênicas da América Latina.
Ainda em abril, “Sebastião” tem temporada confirmada no Teatro Gebes Medeiros, na avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus. A programação completa está disponível no perfil do grupo no Instagram (@atelie23).
Inspiração
Bosco Fonseca esteve na primeira fileira de “Sebastião”, na estreia da peça, em novembro do ano passado.
“Em primeiro lugar, eu gostaria muito de agradecer a todo o elenco do espetáculo Sebastião, do Ateliê 23, que cita a minha obra. Foi muito maravilhoso poder sentir trechos do livro ao vivo, que os artistas talentosos desempenharam com muita maestria”, pontua o estilista. “Só tenho a agradecer à comunidade LGBTQIAPN+ e por ter um grupo que nos representa e que irá ainda fazer muito sucesso”.
O Bar Patrícia era localizado na avenida Constantino Nery e o proprietário era o boliviano Alonso Puertas, amigo pessoal de Bosco. O prédio com um amplo salão tinha a decoração do artista e decorador Roberto Carreira.
Ficha técnica
No elenco de “Sebastião” tem Taciano Soares, Eric Lima, Francis Madson, Andiy, Elias Difreitas, Jorge Sabóia e José Holanda. A banda oficial é formada por Guilherme Bonates, responsável pela produção e direção musical com Eric Lima e Taciano Soares; Luana Aranha no baixo, Mady na guitarra, Bruno Rodriguez no teclado e todos assinam os arranjos das músicas.
O figurino tem assinatura de Andiy, Eric Lima e Francis Madson. A equipe tem ainda Daphne Pompeu na dramaturgia com Eric Lima e Taciano Soares, Emily Danali e Andira Angeli na assistência de direção, Lore Cavalcanti e Paulo Martins na iluminação e Manuella Barros na assessoria de imprensa.
O projeto é uma realização do Ateliê 23, com apoio do Itaú Cultural, através do Programa Rumos, do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e Ministério da Cultura, via Fundação Nacional de Artes (Funarte).
FOTO: Allícia Castro