Saberes da floresta guiam propostas em etapa dos Diálogos da Bioeconomia em Manicoré

Membros das comunidades tradicionais, agricultores e extrativistas contribuíram para a elaboração do projeto

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Em meio à riqueza natural do sul do Amazonas, Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus) foi palco de um importante momento de escuta ativa e valorização dos saberes locais. A etapa municipal dos Diálogos, para a construção do Plano Estadual de Bioeconomia, promovida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), nesta quarta-feira (07/05), reuniu representantes de diversos setores da sociedade para discutir, sob múltiplas perspectivas, caminhos para um novo modelo socioeconômico. 

Os debates abordaram temas como a valorização dos povos da floresta e o fortalecimento de práticas sustentáveis que unem preservação ambiental e geração de renda.

No município foi realizado uma mobilização em torno de propostas concretas, nascidas da vivência e da experiência daqueles que diariamente convivem com os desafios e oportunidades da floresta. Os participantes não só falaram: apontaram caminhos.

“O município de Manicoré destacou, com muita propriedade, suas principais cadeias produtivas: o açaí, a castanha, o pescado, a borracha e os óleos vegetais como o de copaíba e andiroba. Essas vocações não são apenas econômicas, mas identitárias. A proposta da bioeconomia, aqui, ganha corpo ao integrar conservação ambiental com geração de renda local”, ressaltou a assessora da Sedecti, Ana Julia Andrade.

O secretário de Produção Rural do município, Luciano Mello, reiterou o desejo de que os recursos naturais de Manicoré sejam utilizados com inteligência e sustentabilidade.

“Temos um enorme potencial de recursos naturais, que devem ser explorados de forma sustentável. Para nós, é um grande prazer receber a equipe do Governo do Amazonas, que traz esta capacitação para o nosso município, contribuindo para o desenvolvimento contínuo de nossa economia”, afirmou.

A assessora da Secretaria de Produção Municipal, Berenice Bezerra, destacou a oportunidade de transformar os anseios comunitários em políticas públicas.

“Esse diálogo é valioso porque parte das ideias da própria população. É a chance de garantir que o plano estadual nasça a partir das realidades e sonhos de quem vive no território”, afirmou.

Quem também levou contribuições decisivas foi o sócio da Associação dos Produtores Agroextrativistas da comunidade Chirão, Christian Alfaia, que fez um chamamento à valorização dos saberes tradicionais.

“O diálogo com o Governo é importante porque reconhece o valor do que produzimos com as mãos, da nossa cultura, do nosso modo de vida. Aqui se faz artesanato, se extrai com respeito à floresta, e queremos que isso seja visto como parte da economia do estado”, afirma.

O sentimento de esperança foi compartilhado por lideranças como Raimundo Gracimar, da comunidade São José do Cumã, que representou o Projeto de Assentamento Mato Piri. “É a primeira vez que sou chamado para um evento como esse. Saio com esperança de que o Governo continue ouvindo e que as ações cheguem nas comunidades”, disse.

A etapa de diálogo em Manicoré foi organizada por meio de uma parceria entre a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Sedecti, com recursos do Instituto Clima e Sociedade (ICs) para o projeto de construção do Plano de Bioeconomia do Amazonas.

Foto: Eddi Campos/FAS

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