A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou, nesta terça-feira, 11/6, no Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam – Dom Pedro), bairro Dom Pedro (zona Oeste), a Oficina Conjunta de Eliminação da Malária, promovida em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e o Ministério da Saúde.

Durante o início da programação, que segue até quinta-feira, 13/6, o secretário municipal de Saúde, Djalma Coelho, explicou que a oficina tem como objetivo reforçar a orientação aos profissionais da saúde da rede municipal para o planejamento e elaboração dos Planos Operativos Distritais de Eliminação da Malária, atendendo os Distritos de Saúde (Disas) Norte, Sul, Leste, Oeste e Rural.

“A malária é uma doença endêmica no estado do Amazonas e a parceria da Semsa com outras instituições traz muitos benefícios e potencializa os resultados em relação ao controle dos agravos. A Oficina Conjunta vem para qualificar, atualizar e capacitar melhor os servidores, o que terá impacto positivo para o alcance de metas pactuadas no controle da malária no município de Manaus”, afirmou Djalma Coelho.

A diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (DVAE/Semsa), Marinélia Ferreira, informou que a oficina é direcionada para gestores municipais que atuam na Vigilância Ambiental, Controle de Endemias e Atenção à Saúde para a implementação de estratégias de diagnóstico, tratamento, investigação e resposta no controle da malária.

“Durante a oficina, os profissionais e gestores vão participar de atividades conduzidas por especialistas abordando a Gestão e Vigilância Epidemiológica, Diagnóstico, Tratamento, Controle Vetorial, Educação em Saúde, Mobilização Social e Gerenciamento de Insumos Estratégicos. A intenção é que os gestores tenham mais informações para finalizar a elaboração dos Planos Operativos Distritais, o que vai embasar o plano municipal de eliminação da malária”, esclareceu Marinélia Ferreira.

A diretora ressaltou ainda que o planejamento para a eliminação da malária em Manaus segue a estratégia global, conduzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com meta de redução de pelo menos 90% dos casos da doença até 2030 em relação a 2015 e da eliminação de malária em pelo menos 35 países.

“O Ministério da Saúde lançou em 2022 o ‘Plano Nacional de Eliminação da Malária – Elimina Malária Brasil’ e o Amazonas assinou a carta de compromisso de eliminação da doença até 2035. O trabalho de controle da malária em Manaus é essencial para atingir todos os objetivos propostos e a Oficina Conjunta é mais um passo para o alcance das metas”, reforça Marinélia Ferreira.

Conforme a gerente de Vigilância Ambiental e Controle de Agravos e Vetores da Semsa, Alinne Antolini, a formação dos gestores contribui para um planejamento de ações e estratégias alinhado com as esferas estadual e federal. “Após a capacitação daremos início à elaboração do Plano Municipal de Eliminação da Malária, que deve ser feita em consonância com o plano nacional e o plano estadual”, aponta.

Atuando como instrutora na oficina, Sheila Rodrigues Rodovalho, Oficial Nacional em Malária e Doenças Infecciosas Negligenciadas da Opas, destacou que o município de Manaus adotou a proposta de microestratificação e microplanejamento para o processo de eliminação da malária.

“A proposta trata de ações focalizadas para que se possa encontrar os casos de malária onde eles realmente estão e direcionar o trabalho com mais efetividade, já que a gente sabe que a vigilância da malária é muito onerosa para os municípios. Se essa estratégia for trabalhada, mudar um pouco a concepção de como abordar o diagnóstico, o tratamento, a investigação e de como responder aos casos onde eles estão, vamos conseguir reduzir e eliminar a malária”, afirmou Sheila Rodovalho.

A instrutora informou também que Argentina, Paraguai, El Salvador e Belize são quatro países das Américas que receberam recentemente o Certificado de Eliminação da Malária da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O Brasil também está caminhando, temos algumas fragilidades, mas o Programa Nacional de Controle da Malária vem trabalhando junto com estados e municípios para atingir as metas nacionais”, assegurou Sheila Rodovalho.

De acordo com o diretor de Vigilância Ambiental da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), Elder Figueira, representantes dos 62 municípios do Amazonas já participaram do primeiro ciclo de oficinas, também em parceria com a Opas e Ministério da Saúde, realizadas em Manaus, e que a segunda etapa do processo é a realização de oficinas em cada município.

“Agora, cada município vai reunir seus técnicos e trabalhar as prioridades e particularidades locais. A gente fala em eliminação da malária, mas cada município tem uma realidade diferente. A proposta é que cada técnico, cada supervisor, saiba sugerir as melhores estratégias para aquele local. Assim, os municípios poderão ter um plano factível na eliminação da malária”, declarou Elder Figueira.

Para a gerente de Vigilância em Saúde, em exercício, do Disa Rural de Manaus, Maria Aparecida dos Santos, o conhecimento adquirido na oficina terá impacto direto nos serviços oferecidos para a população.

“Vamos passar três dias na oficina adquirindo conhecimento para aplicar no nosso planejamento local. O conteúdo da capacitação é amplo e vai possibilitar um microplanejamento de ações locais com eficácia para que haja uma redução no número de casos, o que vai beneficiar a população”, garantiu a gerente.

Doença

Doença infecciosa febril aguda, a malária é transmitida por meio da picada de fêmea do mosquito Anopheles infectadas por protozoários do gênero Plasmodium, que é o causador da doença. Os sintomas mais comuns são: febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. A doença tem cura e o tratamento é gratuito, mas, se não for diagnosticada e tratada de forma precoce e adequada, pode evoluir para formas graves.

Considerando a série histórica de casos da doença, a chefe do Núcleo de Controle da Malária da Semsa, Ilauana Oliveira Paz, informa que 2019 o município notificou 6.530 novos casos, em uma redução de 22% em relação ao ano de 2018. Seguindo a série histórica, em 2020, houve redução de 19% e em 2021 a redução foi de 15,3%, chegando em 2022 com redução de 36,84%.

“Já no ano de 2023 houve um aumento de 34,1% nos novos casos de malária, em relação a 2022. A doença é endêmica em Manaus, favorecida por questões ambientais e climáticas que facilitam a proliferação do mosquito transmissor da doença. O desmatamento e ocupações desordenadas também aumentam o risco de transmissão, já que um número maior de pessoas passa a viver em áreas de floresta próximo à beira de rios e igarapés, que servem de criadouro natural do mosquito”, apontou Ilauana.

A estratégia de controle e vigilância da malária em Manaus envolve o trabalho contínuo de reforço das ações de bloqueio de transmissão dos casos da doença, educação em saúde, diagnóstico precoce com busca ativa de pacientes com sintomas, monitoramento e reposição de mosquiteiros impregnados com inseticida entregues para moradores de áreas de risco, tratamento em tempo oportuno e controle do vetor de transmissão da malária, que é a fêmea do mosquito Anopheles, com investigação entomológica, pesquisa larvária, tratamento de criadouros do mosquito e controle vetorial químico para eliminação do mosquito adulto.

Foto – Artur Barbosa / Semsa

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