A Prefeitura de Manaus, em conformidade com as diretrizes do Ministério da Saúde, está ampliando a utilização das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) na Atenção Primária.
Um exemplo de abordagem terapêutica ocorre na Unidade de Saúde da Família (USF) José Rayol, na avenida Constantino Nery, na zona Centro-Sul da capital. Todas as terças e quintas-feiras, a partir das 8h, um grupo de 20 pessoas pratica meditação e ioga, exercícios que reduzem o estresse, melhoram a qualidade do sono e auxiliam na diminuição de dores crônicas, como é o caso das enxaquecas e dores musculares.
Os encontros, que ocorrem há quatro anos, surgiram no dia a dia da unidade, a partir da observação de que pessoas com doenças crônicas e alterações no humor, passaram a ter mais qualidade de vida quando passaram a praticar ioga e meditação.
O subsecretário de Gestão da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Djalma Coelho, explicou que a gestão realiza cursos de capacitação e qualificação para aumentar a oferta das PICs, que auxiliam na recuperação dos usuários.
“As PICs são reconhecidas e recomendadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como suportes fundamentais para promover a saúde física e mental dos usuários, a partir do vínculo e do acolhimento”, acentuou.
A médica clínica Marina de Morais, que atende os usuários da USF José Rayol, inseriu as práticas de ioga e meditação em sua rotina. Responsável pela condução das sessões, que tem a duração média de uma hora e vinte minutos, a médica relata que a iniciativa de adotar condutas terapêuticas nasceu da percepção de que os pacientes precisavam de uma atenção que fosse além do tratamento alopático.
“Percebi que os resultados dos tratamentos à base de medicação podiam ser melhores se associados à meditação e à ioga, que são práticas pautadas na auto-observação e no autocuidado. Fisicamente, os adeptos experimentaram uma melhora importante das dores no corpo, coluna, dores de cabeça, articulações e outras situações. Importante ressaltar que há uma redução significativa dos níveis pressóricos e índices glicêmicos”, ressaltou.
A médica assinalou que os benefícios se estendem à saúde mental, uma vez que é verificada uma considerável redução da ansiedade, síndrome do pensamento acelerado, transtorno obsessivo-compulsivo, manias, déficit de atenção, hiperatividade, depressão e outros.
“Falamos muito em remédios, alimentação e exercício físico, mas não nos atentamos à saúde mental, ao estado emocional e como isso impacta na saúde. Doenças como a fibromialgia, por exemplo, podem melhorar somente com as práticas integrativas, evitando, assim, o uso indiscriminado de medicações controladas e outras para alívio da dor”, observou a médica.
Uma mudança profunda na saúde física e mental, que possibilita bem-estar e um ganho significativo na qualidade de vida. Assim a aposentada Maria do Perpétuo Socorro Jezini resumiu o impacto da meditação na sua vida. Há cinco anos frequentando as sessões conduzidas pela médica Marina de Morais, ela tem controlado a ansiedade com a prática integrativa.
“Aprendi exercícios respiratórios essenciais para a meditação. Como eu era muito ansiosa, foi um ganho significativo. Outro ponto importante são os exercícios posturais, que permitem uma consciência maior em relação ao próprio corpo. Você percebe um alívio nas dores, músculos fortalecidos e flexibilidade. Tudo isso a gente adquire praticando a ioga, que já faz parte da minha vida. Realmente é uma prática maravilhosa, porque permite que você conquiste uma qualidade de vida que você jamais pensou que teria. É muito bom!”, sintetizou.
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde podem ser inseridas em todos os níveis da rede de saúde, mas seu foco principal, segundo o Ministério da Saúde, é na Atenção Primária, que é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e atua na promoção da saúde, ações de cuidado e tratamento de agravos.
A base dessa abordagem está centrada na concepção integral de saúde, a partir do cuidado integral do paciente, enfocando aspectos físicos, emocionais e sociais.
A auriculoterapia, acupuntura, aromaterapia, massoterapia e outras práticas também fazem parte da abordagem terapêutica que compõem as PICs.
Foto – Divulgação/Semsa