O sonho alimentado por várias gerações de manauaras, de ver o resgate do antigo hotel Cassina, em todo seu esplendor, começou a se tornar realidade nesta quarta-feira, 18/9, com a assinatura da ordem de serviço dada pela Prefeitura de Manaus para a Construtora Biapó, vencedora da licitação e que será responsável pelo restauro do prédio, um dos maiores ícones do apogeu do ciclo da borracha na região. A ação é parte do pacote de obras em homenagem aos 350 anos da capital.

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, chegou a se emocionar ao visitar o interior do antigo hotel Cassina e ao falar de sua grande preocupação em recuperar o Centro Histórico de Manaus para atividades culturais, comerciais e residenciais. “Desde o meu primeiro governo, que começou em 1989, havia essa preocupação com o centro histórico, porque uma cidade sem a sua identidade é uma cidade sem coração, sem espírito, sem alma. E Manaus estava sem alma. Por isso, fico muito feliz em dizer que vou cumprir com meu papel e isso me deixa muito comovido, muito”, disse.

A obra, que já tem a licença do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), deverá ser concluída em até 360 dias. O início do restauro do hotel Cassina também traz outro sonho alimentado pelo prefeito e milhares de jovens, que é transformar o local, depois de pronto, na sede do Polo Tecnológico de Manaus.

“No auge do ciclo da borracha, as pessoas vinham para cá [Cassina] se divertir e esbanjar”, relatou o prefeito dizendo que o novo espaço agora servirá para alimentar a economia, levando Manaus no caminho da economia 4.0 e servindo para que mentes jovens e brilhantes possam desenvolver seus projetos e negócios. “A ideia é transformar o que já foi um templo de desperdício, que envolvia a economia da borracha, em um templo da economia 4.0, criando um polo de alto conteúdo tecnológico e startup”, afirmou Arthur Neto, que estava acompanhado da presidente do Fundo Manaus Solidária, a primeira-dama Elisabeth Valeiko Ribeiro.

Restauro

A obra de restauro prevê a conservação das fachadas e da exuberância da vegetação na parte inferior, além da inserção de uma estrutura central e independente, que permite suspender os pavimentos superiores acima do volume existente, sem interferir na estrutura antiga.

A intervenção proposta pela equipe do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) é criar um imóvel resolutamente contemporâneo em harmonia com o patrimônio e o seu legado histórico. Em termos de layout, o subsolo abrigará todas as funções técnicas e o primeiro pavimento deixa um pé direito duplo para a recepção. Já o espaço entre o novo volume a ser criado e o volume inferior projeta um terraço panorâmico.

A fachada proposta tem profundidade de 75 centímetros e todos os elementos serão de perfis em estrutura metálica, com pintura para superfície externa na cor branco neve. As esquadrias serão em alumínio branco e vidro laminado. A cor branca da fachada irá unificar os diferentes materiais utilizados e também evidenciar as fachadas históricas inferiores por contraste.

A empresa contratada para o restauro do hotel Cassina, a Biapó, é a mesma que fez, em oito meses, a recuperação do Mercado Municipal Adolpho Lisboa e reúne muita experiência nesse tipo de trabalho. O prazo contratual é de 360 dias, mas o prefeito quer mais agilidade, sem comprometimento da qualidade do trabalho. “Nós vamos analisar, juntamente com a empresa, quais as possibilidades que temos de antecipar alguns prazos, como pediu o prefeito”, afirmou o diretor-presidente do Implurb, Cláudio Guenka.

Já o secretário municipal de Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), Marcos Pessoa, afiançou que já está sendo trabalhada, juntamente com a Secretaria Municipal de Finanças e Tecnologia da Inovação (Semef), uma nova legislação fiscal e extrafiscal. “Isso para incentivar as empresas de startup para elas virem para esse ambiente que vai ser inovador e vai possibilitar as condições para que essas empresas criem musculatura”, disse.

História

Localizado na esquina das ruas Bernardo Ramos e Governador Vitório, o antigo Hotel Cassina foi construído em 1899, sendo o primeiro estabelecimento de hospedagem de primeira classe em Manaus. O nome se deu por conta do proprietário, Andrea Cassina, um comerciante italiano que, como tantos imigrantes, buscavam na riqueza do extrativismo da borracha oportunidades de ganho no comércio.

O presidente do Conselho Municipal de Cultura, Marcio Souza, disse que o mais importante para a recuperação do Centro de Manaus é devolver à população os grandes pontos históricos. “As casas, os monumentos, as ruas. E a devolução, após anos de espera, do hotel Cassina é um momento de festa e de alegria”, afirmou. “Às vezes, quem espera sempre alcança. Um pouco do suor do próprio rosto também ajuda”, comentou, bem-humorado, o poeta e escritor Aldísio Filgueira, sobre a expectativa de ver esse sonho de gerações ser, finalmente, cumprido.

Inicialmente, a reforma do Cassina integrava o PAC Cidades Históricas, do governo federal. Por conta dos atrasos no repasse de recursos, a Prefeitura de Manaus assumiu o projeto com recursos do próprio tesouro municipal, assim como as obras de recomposição das características originais e adaptações aos tempos modernos, incluindo acessibilidade, do Pavilhão Universal, da antiga Câmara Municipal e da Biblioteca Municipal João Bosco Evangelista.

Texto – Jacira Oliveira / Semcom e Assessoria do Implurb

Fotos – Alex Pazuello / Semcom

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