Galeria do Largo reabre com mostra que une moda, arte e resistência afro-amazônica

Mostra do artista e estilista Erlesson Souza propõe um mergulho estético e simbólico nas raízes afro-indígenas e na resistência cultural da Amazônia

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A Galeria do Largo reabriu suas portas, na quarta-feira (15/10), com a exposição “Sankofa: Voltar Para Resgatar”, do artista e estilista Erlesson Souza, sob curadoria de Cristóvão Coutinho e Rafaela Pimentel. A mostra é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. A exposição segue aberta ao público na Galeria do Largo, de quarta a domingo, das 15h às 20h. A entrada é gratuita.

Inspirada na filosofia Akan, de Gana, “Sankofa” significa “voltar e pegar o que ficou para trás”, a exposição propõe uma reflexão sobre ancestralidade, pertencimento e reconexão com a natureza. As peças apresentadas extrapolam o vestuário, transformando-se em manifestações visuais de resistência e memória, que unem moda, arte e espiritualidade em um mesmo discurso estético.

Para Erlesson Souza, natural de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus), a mostra representa um marco pessoal e profissional. “Foi um sentimento único poder mostrar o meu trabalho, sair do interior e ser tão bem recebido em Manaus. É gratificante ver a minha arte sendo abraçada pelo público. Essa exposição surgiu a partir de uma conversa com o Coutinho, e é um passo importante para trazer algo novo, que valorize nossas raízes e nossas identidades afro-amazônicas”, destacou o artista.

O estilista define Sankofa como um ato de resistência e espiritualidade. “Para mim, é trazer a minha história e a dos meus ancestrais. É olhar para o passado com sabedoria e ressignificar essas memórias através da moda. Sankofa é o meu manifesto de resistência, é a minha essência enquanto artista e pessoa”, afirmou.

A curadoria reforça o caráter artístico da exposição ao unir moda e artes visuais. Segundo Cristóvão Coutinho, o processo de montagem buscou traduzir esse diálogo de forma sensível e simbólica. “A intenção foi partir das artes visuais, priorizando o desenho dos croquis nas paredes, que aproximam o público dessa linguagem, e ao mesmo tempo mostrar algumas peças elaboradas pelo estilista, revelando o pertencimento afro e a ancestralidade presentes em cada criação”, explicou.

Rafaela Pimentel, também curadora da mostra, acompanhou a trajetória do artista desde o início e destacou o impacto da exposição: “O Erlesson sempre trabalhou com artes visuais, mas nos últimos anos encontrou na moda um meio de expressão e representatividade. É emocionante vê-lo agora em sua primeira exposição individual, unindo essas linguagens. Além disso, a Galeria do Largo cumpre um papel essencial ao abrir espaço para artistas do interior, mostrando a pluralidade da arte amazônica”, afirmou.

Entre os visitantes, o trabalho do artista já desperta admiração e reconhecimento. A indígena Wara Sateré, que também atua com moda e levou a filha para prestigiar a exposição, destacou a força simbólica das criações. “Estou achando um máximo. Ele leva a história dele em cada peça. Não é só uma roupa, é a história que ele está levando para o mundo. E é importante trazer minha filha para ver isso desde pequena, para que ela cresça valorizando nossa cultura”, destacou.

Com um olhar atento à ancestralidade e ao futuro, “Sankofa: Voltar para Resgatar” reafirma a moda como uma ferramenta de resistência e identidade na Amazônia. As peças, croquis e conceitos apresentados propõem uma jornada de reconexão espiritual, estética e política, em um diálogo profundo entre o passado e o futuro.

A exposição “Sankofa: Voltar Para Resgatar” segue aberta ao público na Galeria do Largo, de quarta a domingo, das 15h às 20h. A entrada é gratuita e o público está convidado a prestigiar e vivenciar essa experiência que celebra a diversidade, a memória e o orgulho das identidades afro-amazônicas.

FOTO: Aguilar Abecassis / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

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