Alunos da rede estadual de ensino pela manhã e paratletas no horário da tarde, essa é a rotina de Maria Clarice Bentes e Abrão Bentes, recém-classificados para o Open Internacional de São Paulo. Irmãos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), são membros do Programa Esporte e Lazer na Capital e Interior (Pelci), do Governo do Amazonas, e frequentam a sala de recursos da Escola Estadual Dom João de Souza Lima, onde recebem suporte especializado.
“O Governo do Amazonas acredita que o esporte é uma importante ferramenta de inclusão e transformação social. Por isso, o Pelci, como maior programa socioesportivo do Brasil, com mais de 15 mil atletas beneficiados, vem trabalhando para alcançar jovens que estão brilhando no cenário nacional e, assim, fortalecê-los”, disse o secretário de Estado do Desporto e Lazer, Jorge Oliveira.
A rotina dos irmãos é marcada por um rigoroso cronograma de treinos e estudos. Começando o dia às 4h da manhã, eles saem do bairro Viver Melhor 3 e seguem para as aulas, onde permanecem até as 15h30, quando terminam as atividades na sala de recursos. Seguindo para a Vila Olímpica de Manaus, eles iniciam os treinos no atletismo.
“Uma professora me avisou que tinham vagas abertas na Vila Olímpica para várias modalidades, no mesmo dia preparei a documentação. E foi uma luz no fim do túnel, já tinha ido a vários lugares e não havia conseguido nada para eles, foi aí que começaram no Pelci”, falou a mãe dos atletas, Joselma de Almeida.
No último Meeting Paralímpico realizado em Manaus, Maria Clarice assegurou três medalhas de ouro, nos 100m e 200m, além do salto em distância. Já Abraão venceu nos 400m e 800m, resultados que garantiram vaga para os dois no Open Internacional de São Paulo, competição organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de setembro.
A disciplina no esporte reflete em suas vidas acadêmicas e sociais, melhorando habilidades motoras e comunicacionais, além de promover a interação social. Suas experiências no atletismo demonstram que, com apoio e dedicação, é possível ultrapassar essas dificuldades e alcançar grandes feitos.
“Sinto que a Maria está sensacional e o Abraão, que é mais calmo, eu vi que ele começou a ter mais foco em desenvolver suas atividades em sala de aula. Eu também verifico o caderno deles, verifico o que eles fazem lá na sala de aula regular, ele está mais interessado, então a junção do esporte e a escola está dando certo”, exaltou a professora da sala de recursos, Leonice Amador.
Sala de Recursos
Utilizada durante o contraturno dos estudantes, a Sala de Recursos Multifuncionais tem a função de potencializar o ensino dos alunos com deficiência ou com altas habilidades. Contando com materiais dinâmicos e adaptados à necessidade de cada estudante. Atualmente, são 197 salas distribuídas entre as escolas da rede estadual de ensino.
FOTO: Julcemar Alves/Sedel