Nos últimos três anos, mais de 260 casos foram notificados em todo estado

Com a proximidade do inverno amazônico, os órgãos estaduais de saúde alertam a população para a prevenção contra doenças respiratórias, entre elas as meningites. Nos últimos três anos, a Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS) notificou 268 casos da doença no estado, sendo 69 só em 2022.

Causadas por vírus, bactérias, fungos e parasitas, as meningites possuem alto potencial para provocar surtos e epidemias e, entre os meses de novembro e maio, época em que as chuvas ocorrem com maior frequência, possuem os meios de propagação intensificados. Por este motivo, o médico infectologista Antônio Magela detalha os principais sintomas da doença.

“Uma pessoa que possa estar acometida de meningites tem uma evolução muito rápida! É uma febre mais alta que não cede ao uso dos medicamentos mais comumente utilizados; uma dor de cabeça muita intensa e altamente progressiva com náuseas; crianças podem ter convulsões, irritabilidade e evoluírem rapidamente para uma situação de coma”, explicou.

Neste período, os meios de transmissão mais comuns são provenientes de secreções respiratórias e gotículas de saliva, espalhadas através de tosses, espirros, beijos e o compartilhamento de objetos pessoais, como talheres e copos, de pessoas infectadas. Segundo Magela, a precocidade na busca por diagnóstico e tratamento é o que determina a evolução do quadro clínico do paciente, evitando, inclusive, sequelas como perda de audição e visão, dificuldade na fala, crises de epilepsia e, até mesmo, paralisia cerebral.

“A precocidade do tratamento é o que faz a diferença entre o paciente evoluir bem ou mal. Com esses sintomas, a pessoa deve procurar a unidade de saúde mais próxima de sua casa para, em caso de meningite, ser diagnosticada e tratada o mais rápido possível e de maneira adequada para se evitar complicações e, até mesmo, óbitos”, completou.

No Amazonas, o tratamento contra as meningites é referenciado para a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). No local, o paciente é submetido ao exame de punção lombar, que consiste na coleta do líquido do sistema nervoso central através da introdução de uma agulha na região lombar. Após a coleta, o material é encaminhado para o laboratório onde é feita a análise e identificação do causador da meningite.

Meios de prevenção
O doutor Antônio Magela alerta, ainda, que as meningites acometem pessoas em qualquer faixa-etária. Por isso, é necessário reforçar os cuidados preventivos individuais e coletivos como o uso de máscaras e álcool gel, além de manter uma boa alimentação e hidratação, o que irá refletir diretamente em uma melhor condição imunológica de defesa contra agentes infecciosos.

“Nós não temos uma medida absoluta para nos proteger contra as meningites, então o que nós devemos fazer neste período do ano é evitar grandes aglomerações, locais fechados na presença de pessoas que tenham algum sintoma respiratório, higiene frequente das mãos e a regularização do cartão de vacina”, frisou.

Calendário vacinal – A vacinação contra as meningites é de responsabilidade das prefeituras municipais, sob orientação da FVS-RCP e do Ministério da Saúde. No Brasil, sete vacinas são recomendadas e estão disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). São elas:

BCG – dose única ao nascer. Protege contra meningite tuberculosa;

Pentavalente – 1ª dose aos dois meses de idade; 2ª dose aos quatro meses de idade e 3ª dose aos seis meses de idade. Protege contra meningite, difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;

Pneumocócica 10-valente – 1ª dose aos dois meses de idade; 2ª dose aos quatro meses de idade e reforço aos 12 meses de idade. Protege contra doenças invasivas causadas pelo stretococcus pneumoniae;

Pneumocócica 23-valente – disponível para toda a população indígena acima de cinco anos de idade. Uma dose é suficiente para proteger contra os sorotipos do pneumococos;

Pneumocócica 13-valente – disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIES) para indivíduos com idade maior ou igual a cinco anos, incluindo adultos nas condições de HIV/Aids, pacientes oncológicos, transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea. Protege contra doenças invasivas pelo streptococcus pneumoniae;

Meningocócica C – 1ª dose aos três meses de idade; 2ª dose aos cinco meses de idade e reforço aos 12 meses de idade. Protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C;

Meningocócica ACWY – uma dose em adolescentes de 11 e 12 anos de idade. Protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y.

FOTOS: Arthur Castro/Secom

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