Diagnóstico tardio expõe pacientes a perda de membros. “Hoje nossos pacientes estão chegando com deformidade”, diz enfermeira
Hanseníase: busca tardia por tratamento aumenta riscos de mutilações pela doença, alerta Fundação Alfredo da Matta
Diagnóstico tardio expõe pacientes a perda de membros. “Hoje nossos pacientes estão chegando com deformidade”, diz enfermeira
Instituição referência no Amazonas, a Fundação Hospitalar Alfredo da Matta alerta a população sobre a importância de se fazer, anualmente, exames de pele com o objetivo de prevenir doenças como a hanseníase, que registrou quase 350 novos casos, no ano passado. O diagnóstico tardio tem aumentado e expõe os pacientes ao risco de mutilações pela doença.
Atualmente, a FUAM faz o atendimento ambulatorial dermatológico, por meio de procedimentos não invasivos, com o objetivo de realizar o diagnóstico precoce, a prevenção e o tratamento de doenças da pele e seus anexos – pelos, cabelos, mucosas e unhas. O atendimento se estende aos portadores de Hanseníase, Leishmaniose e Dermatoses Tropicais de interesse sanitário.
A Fundação atua, ainda, com serviços especializados em Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e Aids, funcionando com um Centro de Aconselhamento e Testagem Rápida de HIV, Sífilis e Hepatites Virais.
Hanseníase no AM
Principal foco de ação da Fuam, a Hanseníase é uma doença crônica infectocontagiosa, causada pela bactéria Mycobacteruim leprae, e que afeta, principalmente, a pele, as mucosas e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais, podendo acarretar danos irreversíveis.
Os sintomas mais frequentes da doença são manchas na pele de cor vermelha, esbranquiçadas ou eritematosas, às vezes pouco visíveis, e com limites imprecisos. Além disso, há dormência, comprometimento nos nervos periféricos, alteração da temperatura nos locais afetados, entre outros sintomas.
A Fundação Alfredo da Matta é, atualmente, responsável pelo controle dos indicadores epidemiológicos de Hanseníase em todo o estado. O monitoramento é feito através do projeto Apeli, que visa a eliminação da doença na capital e no interior do estado, aumentando a capacidade operacional para descobrir novos casos de forma precoce.
Em 2021, os dados levantados pela Fuam mostravam o Amazonas com 347 novos casos de Hanseníase, 109 a mais do que no ano anterior. No Brasil, o Amazonas se apresenta em 16º lugar com o Coeficiente de Detecção Geral da Hanseníase – com 8,3 casos a cada 100 mil habitantes – considerado Médio.
Atualmente, os exames de pele podem ser realizados em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e são fundamentais para a detecção da doença em estágio inicial, evitando incapacidades e deformidades que podem ser causadas pela doença ao longo do tempo. Casos mais avançados e graves podem, ainda, serem diagnosticados diretamente na sede da Fuam.
Segundo a enfermeira Glaudomira Ferreira dos Santos, a ideia do diagnóstico precoce também envolve o interesse da população em realizar o exame de pele anualmente a fim de evitar a descoberta tardia da doença, que pode desencadear a perda dos membros afetados.
“O que tem deixado a gente um pouco triste dentro dos indicadores é que nossos pacientes estão chegando tardiamente ao nosso serviço. A Hanseníase é uma doença da pele e ela é uma doença do nervo, então traz deformidades, e essas deformidades é que não podem acontecer. Então, o diagnóstico tem que ser apenas com manchinhas, caroços, sem deformidade, e hoje nossos pacientes estão chegando ao nosso serviço com deformidade”, afirmou.
Apesar do número de casos novos crescer, o Amazonas é primeiro lugar no indicador de Corte de Cura, que avalia a qualidade da atenção e do acompanhamento dos casos novos diagnosticados até a completude do tratamento. O percentual chegou, pela primeira vez, a 92%.
“A gente reafirma para a população que, por favor, venha fazer seu exame de pele uma vez por ano no posto de saúde. É a única prevenção porque se você faz o diagnóstico precoce você faz o tratamento, você é curado em seis meses. Mas se a pessoa ficar em casa, com suspeita, com medo, você vai chegar aqui já com um caso de deformidade que é difícil de conseguir ajudar”, completou a enfermeira.
Outros diagnósticos
O ambulatório de Dermatologia Tropical é responsável pelo diagnóstico de casos de doenças dermatológicas de origem infecciosa, características de regiões tropicais como a Leishmaniose e micoses subcutâneas e profundas.
Ainda na Fuam, o ambulatório de Dermatologia Geral oferece atendimento para diagnóstico e tratamento de doenças dermatológicas em geral como Psoríase, Vitiligo, alergias, acne e dermatologia pediátrica.
No ambulatório de IST, são realizados atendimentos especializados no diagnóstico, tratamento e prevenção das IST-HIV/Aids/Hepatites, testagem e aconselhamento para testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatite B e C.
No ranking dos atendimentos e diagnósticos realizados na Fundação, em 2021, estão: ISTs (1088 diagnósticos); Psoríase (1034); Dermatoses alérgicas (972); Acne, seborreia e afins (775); Tumores benignos (562); Desordens pigmentares (553); Dermatite atópica (542); Dermatozoonoses (401); e outras dermatoses não infecciosas (352).