Neste primeiro momento, 276 famílias passarão pelo processo de desapropriação e reassentamento.
Alagações, ausência de saneamento básico e o risco de contaminação por doenças são problemas comuns a quem vive em regiões insalubres. Na comunidade da Sharp, na zona leste de Manaus, as famílias que residem nas palafitas sob o igarapé começam a se preparar para deixar essa realidade, com a chegada do Programa a Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin+).
Esse é o caso da manicure Micaela Barbosa, 32, que está entre os primeiros 276 beneficiados pelo programa estadual. Moradora do local há 22 anos, ela é mãe de seis filhos e conta que, pelas condições de sua residência, três crianças tiveram que passar a viver com o pai.
“Quando chove não dá para passar, não dá para sair. As crianças não conseguem ir para aula, é muito difícil. Por isso alguns moram com o pai e não comigo. Já teve criança que caiu, se machucou, não tem condições. Não é só eu que passo por isso, são muitas mães”, explicou.
Entre os filhos de Micaela está o pequeno Noah, de apenas dois meses de vida. Durante a gravidez, a criança sofreu descolamento de placenta e acabou nascendo prematuramente. Neste momento, o bebê se encontra internado na UTI da Maternidade Ana Braga, lutando para sobreviver. As idas para visitar o filho na unidade de saúde são diárias, o que torna a rotina da manicure cada vez mais difícil pela região alagada.
“Foi uma gravidez difícil, um parto muito delicado. Muitas vezes eu não conseguia nem fazer pré-natal porque eu sangrava. Meu filho nasceu, não chorou, foi direto para incubadora e desde então minha rotina é essa, todo dia eu vou visitá-lo e eu creio que logo ele vai sair e, o melhor, ir direto para uma casa melhor”.
Com os documentos entregues para as equipes da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), responsável pelo programa, pontapé inicial do processo de desapropriação, o sonho de ter um local seguro para criar as crianças está cada vez mais perto de se tornar realidade.
“Há muito tempo as pessoas esperam Prosamin e agora, graças a Deus, está acontecendo. Eu fico muito feliz, sempre me pegava pensando ‘meu filho está na UTI, são tantos cuidados com crianças prematuras, não quero que ele venha para cá’ e agora a gente realmente vai poder sair daqui, vamos poder criar os filhos da gente num lugar melhor. É um sonho que se realiza”, comemorou Micaela.
Ao longo de sua execução, cujo prazo é de cinco anos, o Prosamin+ irá reassentar 2.580 famílias, proporcionando soluções de moradia entre indenizações, bônus, auxílio ou acesso a uma unidade habitacional construída pelo programa.
A UGPE esclarece que os imóveis aptos ao processo foram cadastrados, marcados e certificados em 2020, entre os meses de março e setembro. Quem chegou depois não poderá ser incluído.