No Amazonas, a taxa de analfabetismo vem regredindo nos últimos anos. No entanto, entre as pessoas adultas e idosas permanece alta. Por isso, o Estado ocupa uma posição intermediária no ranking nacional. O analfabetismo atinge ,em sua maioria, as pessoas pretas e pardas. A maioria da população possui ensino médio completo ou equivalente, e somente 13% tem ensino superior completo. Na taxa de escolarização, que mede frequência à escola, o Amazonas é destaque nacional. Em contrapartida, o Estado possui 273.000 jovens ,de 15 a 29 anos, que não estavam ocupados e nem estavam estudando, ano passado.
Os dados, divulgados nesta sexta-feira, (22/03), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua – Educação 2023).
Analfabetismo
Em 2023, no Amazonas, a taxa de analfabetismo, para pessoas de 15 anos ou mais de idade, foi de 5,1%, o que representa um total de 156 mil pessoas. A taxa é menor que a média do país que foi de 5,4%. Mesmo com esse índice, o Estado ocupa a 12a posição entre as maiores taxas de analfabetismo do país.
Na Região Norte, a taxa de analfabetismo para pessoas de 15 anos ou mais foi de 6,4%, só perdendo para a região Nordeste (11,2%). Para pessoas de 60 anos ou mais, a taxa mais alta ficou novamente com o Nordeste (31,4%), seguida pela região Norte (22%), pelo Centro-Oeste (13,6%), pela região Sul (8,8) e pelo Sudeste (8,5%).
No Brasil, ano passado, 9,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade, eram analfabetas, o equivalente a uma taxa de analfabetismo também de 5,4%. Dentre essas pessoas, 54,7% (5,1 milhões de pessoas) viviam na Região Nordeste e 22,8% (2,1 milhões de pessoas) na Região Sudeste. Em relação a 2022, houve uma redução de 0,3 ponto percentual (p.p) da taxa ,no País, o que corresponde a uma queda de pouco mais de 232 mil analfabetos.
No Amazonas, a medida em que a idade aumenta, cresce também a taxa de analfabetismo. Entre as pessoas com 18 anos ou mais, a taxa em 2023 ficou em 5,4%. Já para àqueles com 40 anos ou mais, chegou a 10,2%. Mas, a maior taxa de analfabetismo do Estado, concentra-se no grupo de pessoas com 60 anos ou mais (19,8%). O analfabetismo atinge mais os homens que as mulheres, com 5,2% e 4,9% respectivamente.
De acordo com a pesquisa, o analfabetismo ,no Estado, atinge mais as pessoas de cor preta ou parda (5,0%) do que as de cor branca (3,8%). Essa diferença ocorre em todas as idades, mas a maior diferença é vista entre as pessoas de 60 anos ou mais. A taxa entre os brancos é de 15,1%, contra 20,6% dos pretos e pardos.
Mais de 36% das pessoas, no Estado, tinham ensino médio completo ou equivalente
Outro indicador apresentado pela pesquisa foi o nível de instrução das pessoas de 14 anos ou mais de idade, conforme o ciclo completo do ensino, que vai do ensino fundamental ao ensino superior.
No Amazonas, em 2023, 4,7% das pessoas de 14 anos ou mais de idade, não tinham instrução. Os que não completaram o ensino fundamental somavam 23,5% ou 741.000 pessoas. Outros 7,5% (235.000 pessoas) completaram o ensino fundamental. Os que não completaram o ensino médio foram 9,1% e 36,5% tinham o ensino médio completo, ano passado. Já os com ensino superior completo alcançaram 13,2% (417.000 pessoas), em nível de instrução.
Nas Grandes Regiões, também foi observado o aumento da proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que concluíram, ao menos, a educação básica obrigatória, nas Regiões Centro-Oeste e Nordeste, variando 2,6 p.p. e 1,5 p.p. ,respectivamente.
A Região Nordeste foi a única onde a maior parte da população de 25 anos ou mais (54,4%) não havia concluído a educação básica. A Região Norte passou a ter, em 2023, 51% da sua população com educação básica, no mesmo grupo etário.
Taxa de escolarização diminuiu conforme avanço da idade
A taxa de escolarização é um indicador que retrata a proporção de estudantes de determinada faixa etária em relação ao total de pessoas dessa mesma faixa etária. Considerando todas as faixas de idade, o Amazonas possui a maior taxa de escolarização do país, onde 32,5% frequentam a escola.
Considerando os grupos de idade, a taxa de escolarização das crianças de 0 a 5 anos foi de 40,7%. A maior taxa pertence ao grupo de 6 a 14 anos, com 99,1% das crianças e jovens estudando. À medida que a idade aumenta, diminui a frequência à escola. Entre as pessoas com mais de 25 anos de idade a taxa estadual foi de 6,1%.
No país, o início do processo de evasão é perceptível entre 18 e 24 anos de idade, conforme dados da pesquisa da PNAD Contínua. Aos 25 anos de idade ou mais, muitas pessoas já concluíram o ciclo de estudos ou não terminaram a escolarização.
Na região Norte a taxa de escolarização para pessoas na faixa etária de 15 a 17 anos atingiu 89,1%, ficando 2,8 pontos percentuais menor que a nacional. Já a taxa ajustada de frequência escolar líquida ficou em 65,9%.
Motivos para não frequência em creches e pré-escola
Na região Norte, o principal motivo da não frequência à creche ou escola, de crianças de 0 a 1 ano, foi a opção dos próprios pais ou responsáveis (61,6%). Porém, 36,6% justificaram carência de escola/creche na localidade, falta de vaga ou que a escola não aceitava a criança por conta da idade. “Outros motivos” ficaram com percentual de 2,1%. Para o grupo de crianças de 2 a 3 anos, a não frequência à escola ou creche foi considerada por 48,1% dos pais e a falta de escola/creche na localidade também foi razão informada por 48,1%. Apenas 3,8% das crianças de 2 a 3 anos não frequentaram creche ou escola por “Outros motivos”.
Conforme as metas preconizadas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) ainda existem patamares abaixo dos ideais. Segundo a meta 1 do PNE, até 2016, a intenção era universalizar a educação infantil na pré-escola para crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final de 2024.
Quase 400 mil homens, no Norte, dizem parar de estudar por causa do trabalho
No Brasil existem 24,9 milhões de pessoas, de 15 a 29 anos de idade, que não frequentam escola curso técnico, normal (magistério), pré-vestibular ou curso de qualificação profissional. No Norte são 2,6 milhões com as características desse grupo, representando 10,6% do total.
Na Região Norte a maior justificativa dos homens (355 mil) foi a necessidade de trabalhar. Já para as mulheres (220 mil) a justificativa foi a necessidade de cuidar de afazeres domésticos ou de crianças, idoso ou pessoa com necessidades especiais.
Homens são maioria na condição de não estudar e nem se qualificar
No Brasil, a condição de estar estudando ou se qualificando foi identificada, em maior número, entre as mulheres (16%). Já homens aparecem em maior quantidade na condição de não estudar e nem se qualificar (47,3%) e entre pessoas das cores pretas e pardas (39,5%).
Considerando grupos de idade, foi identificado que os grupos, em maior quantidade, que estudam ou se qualificam, estão entre adolescentes de 15 a 17 anos (81,2%). Já o grupo que não estudava e nem se qualificava (59,2%) estava entre pessoas de 25 a 29 anos.
Para crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 14 anos, a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de atingir 95% do público até 2024 já foi atingida, na região Norte, de 2016 a 2018, mas regrediu em 2022 (94,3%) e 2023 (94,8%). Todas as demais regiões brasileiras caíram abaixo da meta em 2023, ficando com percentual de 94%.
A região com melhores percentuais, entre os anos 2016 a 2023, foi a região Sudeste que começou atingindo 97% da meta em 2016, mas terminou 2023 com 94,9%.
O Amazonas tem 273.000 pessoas fora da escola e que não estão ocupadas
A pesquisa também identificou pessoas que faziam curso técnico e as que frequentavam curso de qualificação profissional no país e nas Unidades da Federação. No Amazonas, ano passado, 144 mil pessoas (12,6%), na faixa etária de 15 a 29 anos, estavam ocupadas e frequentando escola, cursos pré-vestibular, técnico de nível médio, normal (magistério) ou qualificação profissional. Outras 396 mil (34,7%) estavam ocupadas, mas não frequentavam escola, nem cursos pré-vestibular, técnico de nível médio, normal (magistério) ou de qualificação profissional.
Foram identificadas também as pessoas não ocupadas, e frequentando escola, cursos pré-vestibular, técnico de nível médio, normal (magistério) ou de qualificação profissional. Elas totalizaram 330 mil pessoas (28,8%). Já as pessoas não ocupadas e que não frequentavam escola, nem cursos pré-vestibular, técnico de nível médio, normal (magistério) ou de qualificação profissional, os chamados “nem-nem” somaram 273 mil pessoas (23,9%).
Sobre a PNAD Contínua Educação
A PNAD Contínua Educação retrata, desde 2016, o panorama educacional da população do Brasil, com indicadores sobre analfabetismo; nível de instrução e número médio de anos de estudo; taxa de escolarização; taxa ajustada de frequência escolar líquida; motivo da não frequência à escola ou creche das crianças até três anos; abandono escolar das pessoas de 14 a 29 anos; condição de estudo e situação na ocupação das pessoas de 15 a 29 anos, entre outras abordagens.
Essa é a segunda divulgação do módulo após a pandemia. Devido à redução na taxa de aproveitamento da amostra, causada pela mudança na forma de coleta implementada emergencialmente durante o período de distanciamento social, o tema foi suspenso em 2020 e 2021.
Foto: IBGE / Arquivo