O Brasil já registrou mais de 200 mil focos de incêndio somente este ano, segundo o Banco de Dados de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Metade deles na Amazônia. O número, além de apontar um cenário bastante grave por conta dos danos à biodiversidade, alerta para outro quadro que exige atenção: a saúde da população. Este cenário afeta principalmente aqueles em situação de maior vulnerabilidade, como idosos, gestantes, crianças e pessoas com doenças preexistentes, impactando no Sistema Único de Saúde.

A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Renata Gracie, afirma que tem havido um incremento na ocorrência de doenças devido a essas mudanças.

“A gente tem tido incremento na ocorrência de doenças por conta dessas mudanças no ambiente e no clima. A gente tem tido situações de agravamento de doenças e emergências. E isso tem um impacto direto no Sistema Único de Saúde, porque a gente aumenta a necessidade de atendimentos.”

Renata é uma das organizadoras do livro “Curso Análise de Situação de Saúde Ambiental: Asisa-Queimadas”, disponível, gratuitamente, no site portolive.fiocruz.br. A publicação tem como objetivo ampliar o acesso a informações, auxiliando no processo de tomada de decisão de gestores e trabalhadores da saúde.

“Nossa intenção é apoiar a análise da situação de saúde nesses eventos extremos e oferecer instrumentos qualificados para uma tomada de decisão mais assertiva para os gestores diante dessas situações, e que a sociedade civil possa cobrar medidas mais adequadas.”

Estudos do Observatório de Clima e Saúde, que atua em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o IBGE e o Datasus, além de instituições de ensino e pesquisa, trazem dados de alerta. Mostram que as queimadas produzem impurezas, que associadas às condições climáticas, podem agravar casos de doenças respiratórias e cardiovasculares.

Por isso, o efeito das queimadas deve ser observado com atenção, também por pessoas que utilizam o fogo para limpeza terrenos, ressalta a pesquisadora da Fiocruz.
 
“É importante lembrar que pessoas que realizam limpeza de terreno ou atividade semelhantes estão mais expostas a essas fumaças e necessitam de maior atenção das equipes de saúde da família, além do acesso facilitado às unidades de atenção básica.”
 
As autoras Renata Gracie e Jessica Muzy ressaltam que o livro também incentiva a participação social no combate às queimadas, para mitigar problemas de saúde, salvar vidas, proteger ecossistemas e garantir um presente e um futuro menos vulnerável a toda a população.

Fonte: Agência Brasil

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