Parintins: Costureiras e aderecistas resistem ao tempo e ganham cada vez mais notoriedade no espetáculo

Entre os 5 mil postos de trabalho gerados pelos bumbás, estão costureiras e aderecistas, peças essenciais para a entrega do festival

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Milhares de figurinos cênicos e adereços confeccionados por várias mãos. São costureiras e aderecistas, que dedicam horas nos galpões, cortando, alinhavando, costurando e finalizando figurinos e adereços. Em contagem regressiva para o 57º Festival de Parintins, o trabalho corre contra o tempo, sobressaindo sempre o talento e a experiência. 

Neste ano, o Festival de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus) chega a sua 57ª edição, promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Comunicação e Economia Criativa. Realizado nos dias 28, 29 e 30 de junho, no Bumbódromo, o festival fomenta a indústria da cultura. 

“O festival movimenta a cadeia produtiva da cultura, além dos artistas, os trabalhadores que atuam nos bastidores são essenciais para que tudo aconteça. Costureiras, aderecistas, soldadores, serralheiros, enfim, diversos profissionais que encontram neste período ganho a mais na renda familiar”, enfatiza o secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz.

Nos galpões, os postos de trabalho são também de confiança, sobretudo no setor de costura, onde todos os figurinos cênicos são guardados a sete chaves. Em ambos os galpões, do Caprichoso e do Garantido, as equipes são formadas por mais de 10 costureiras, compondo o que se chama de trabalhadores da cultura que, durante a temporada bovina, encontram uma oportunidade para reforçar a renda. 

A costureira Silita, como é conhecida e gosta de ser chamada, tem 66 anos e diz que desde os 13 anos se dedica à costura. “Há mais de anos trabalho no Caprichoso e eu gosto muito, faço com muito prazer ainda mais para o meu boi”, disse. “Eu trabalho no horário de expediente, mas como sou idosa, saio mais cedo, é muito animado aqui e eu amo o que faço”, revela Silica, que se diz valorizada no mercado de trabalho, dividindo a costura de centenas de figurinos com as demais costureiras de diferentes gerações.

Entre tantas mulheres, o costureiro Francisco Cruz dá continuidade ao trabalho de alfaiataria do pai e assume a função há mais de 30 anos, no circuito bovino. “Meu pai era alfaiate do circuito bovino, do Caprichoso. Ele parou e eu segui na carreira”, disse. “Mesmo com tempo de estrada, fico muito emocionado quando vejo um dos figurinos que costurei na arena. Fico muito orgulhoso, emocionado de ver na arena o que costurei”, completa.  

No galpão do Garantido, a arte da costura também acumula talentos, histórias de amor à cultura popular do boi-bumbá. Lucivone Santos, 43, é responsável por uma equipe de costureiras, responsável por produzir os figurinos para as três noites do festival. “Eu trabalhava com o meu esposo, que é artista, montamos umas peças e saiu muito bonito. O pessoal viu que o trabalho das costureiras ficava bonito nas tribos e a equipe foi sendo formada”, lembra. “O nosso setor de costura do tribal está sendo reconhecido. É com o que a gente apresenta na arena, que  muitas das costureiras são chamadas para trabalhar em outras festas, inclusive em outros estados”, revela. 

O aderecista Afonso Ucranio integra a equipe do Garantido. A equipe de quatro pessoas executa os projetos aprovados pela comissão de arte da agremiação, entretanto, para Afonso, o trabalho vai além do ofício. “A gente que gosta, trabalha no ramo, a gente não entrega um pouco boi e sim 100%. Tudo que a gente coloca aqui é gratificante, não vou dizer que é meu trabalho, é tudo do boi. E assim como no Carnaval, que só termina depois da linha amarela, também é o boi”, destaca Afonso.

FOTO: Marcely Gomes / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

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