Estimular o aprendizado, a convivência social e a inclusão no mercado de trabalho. Esses são alguns dos muitos papéis que a escola exerce na vida dos alunos. Nesta sexta-feira (15/03), data em que se comemora o Dia da Escola, pais, alunos e professores destacam o protagonismo das unidades de ensino na vida dos estudantes e dizem que enxergam o ambiente escolar como um lugar de transformação social.
Para que a missão seja cumprida de forma efetiva, unidades de ensino da rede estadual do Amazonas desenvolvem projetos didáticos que incentivam os estudantes a projetar objetivos profissionais e acadêmicos para a etapa seguinte à educação básica. Entre as iniciativas pedagógicas, destaca-se a desenvolvida na Escola Estadual Dom Milton Corrêa Pereira, no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus, com o projeto ‘Feira de Profissões’ que apresenta o mercado de trabalho para os alunos do Ensino Médio.
O projeto teve início em 2017 quando a professora de Geografia, Lucilene Ramos, identificou que os alunos da última etapa da Educação Básica não sabiam qual curso escolher no Sistema de Ingresso Seriado (SIS) e no Processo Seletivo Contínuo (PSC), ambos seletivos que possibilitam a entrada em universidades públicas.
“Eu via no meu aluno o desinteresse. Alguns alunos que tinham em mente alguma profissão eram aqueles que o pai tinha uma graduação, que incentivava os filhos. Aqueles que não tinham esse incentivo em casa, achavam que era só fazer o Ensino Médio e parar. Desenvolvi esse projeto e procuro sempre saber como está o andamento porque temos etapas a cumprir”, disse Lucilene Ramos.
É no primeiro ano no Ensino Médio que os alunos dão início ao trabalho de pesquisa sobre a profissão escolhida, de acordo com a área de atuação sugerida pela organização do projeto. As atividades também são desenvolvidas em escolas da zona leste.
Vivendo a escola
Aos 15 anos, a estudante Anne Karoliny Rezende deu início à última etapa da Educação Básica: o Ensino Médio. Para a jovem, que estuda na Dom Milton Corrêa Pereira, a escola também é lugar de respeito à diversidade e de troca de experiências.
“A escola mudou muito a minha realidade. É o convívio de várias pessoas juntas. A gente aprende as coisas básicas que a gente vai precisar. Temos muitos alunos especiais, alunos com gêneros diferentes e a gente está sempre aprendendo a respeitá-los e ajudá-los quando necessário”, disse Anne.
A estudante vê a escola também como porta de entrada para o mercado de trabalho e já decidiu que é na Psicologia que vai seguir carreira no Ensino Superior.
“Depois da pandemia, de tudo o que aconteceu, muitas pessoas sofreram muitos traumas e não conseguem falar sobre. Às vezes são pessoas fechadas ou tratam as demais pessoas com indiferença. E eu queria muito poder ajudar outras pessoas e conseguir quebrar esse bloqueio, de colocar esses sentimentos para fora”, falou a aluna ao explicar a escolha da profissão que quer seguir.
Os responsáveis pelos alunos também possuem uma missão primordial no desenvolvimento escolar das crianças e adolescentes. Este é o caso da Maria Nice de Melo, de 71 anos, que é avó de um aluno do 2º ano do Ensino Médio.
“O meu neto é um aluno muito estudioso. Ele tem uma avó que incentiva. A família tem que estar presente em tudo. A escola tem um papel como um todo na comunidade. Tem que trazer o aluno para perto”, disse Maria Nice, que também é líder comunitária no bairro Cidade Nova.
Já a professora Lucilene Ramos ressaltou que o papel da escola vai além do trabalho conteudista em sala de aula. A professora acredita que o processo de ensino-aprendizagem deve valorizar a vivência social como fator fundamental para a transformação da realidade pessoal e profissional dos alunos.
“É desenvolver esse aluno, tirá-lo da mesmice e dizer que ele é importante dentro da comunidade escolar, que ele faz parte, que ele tem que investir para mostrar para a comunidade lá fora. Que nós temos projetos, que podemos avançar e que podemos alcançar sonhos maiores”, disse.
FOTO: Euzivaldo Queiroz / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar