O crescimento da participação feminina no mercado de trabalho tem impulsionado mudanças significativas nas empresas e instituições, tornando essencial a criação de políticas que garantam suporte adequado às mulheres em diferentes fases da vida. No Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR), essa realidade está cada vez mais presente, com um número crescente de mulheres ocupando cargos de magistradas, servidoras, terceirizadas e estagiárias.
Diante desse cenário, o Projeto EmLace — Gestantes e Lactantes surge como uma iniciativa de acolhimento e apoio contínuo às mães trabalhadoras, garantindo que a maternidade seja reconhecida como parte legítima da trajetória profissional e não como um obstáculo. Mais do que uma ação pontual realizada no Mês das Mães, o projeto reflete a necessidade de um compromisso institucional permanente para assegurar que gestantes e lactantes tenham condições adequadas de atuação e reintegração ao trabalho.
Atualmente, as mulheres representam uma parcela significativa da força de trabalho no TRT-11: 58,1% dos estagiários são mulheres, assim como 57,14% das desembargadoras e 44,44% das juízas da primeira instância. No quadro geral, 45,9% dos servidores são mulheres, e 50,43% delas ocupam cargos de direção. Nos serviços terceirizados, a participação feminina também se destaca, alcançando 47%.
Esses números refletem uma transformação significativa na presença feminina no mercado de trabalho no Brasil. Segundo dados das Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a taxa de participação feminina passou de 34,8% em 1990 para 52,2% em 2023.
Apesar dos avanços na inclusão das mulheres no mercado de trabalho, muitas ainda enfrentam desafios significativos após a maternidade. Segundo levantamento de 2023 do portal Empregos.com.br, que entrevistou 273 mães entre 18 e 45 anos, a discriminação começa antes mesmo da contratação: quatro em cada dez mulheres relataram já terem sido discriminadas durante um processo seletivo ao mencionarem a maternidade.
Esses obstáculos se estendem ao desenvolvimento profissional. 94,5% das participantes afirmaram que nunca tiveram as mesmas oportunidades de promoção estando grávidas ou após a licença-maternidade, evidenciando a necessidade de políticas institucionais que garantam equidade e inclusão no ambiente de trabalho.
Importância social
A crescente participação da mulher na sociedade reforça a necessidade de iniciativas voltadas para o acolhimento daquelas que vivenciam a maternidade no ambiente profissional. A conciliação entre carreira e vida familiar ainda representa desafios significativos, especialmente diante das transformações físicas e emocionais que acompanham a gestação e o período de lactação.
“O crescimento da presença feminina no mercado exige que políticas de acolhimento sejam pensadas de forma contínua, sem ficarem restritas a datas comemorativas ou eventos isolados. Empresas e instituições que adotam esse modelo demonstram um compromisso real com equidade e inclusão, criando um ambiente profissional mais saudável e produtivo para todos”, enfatiza a assistente social do TRT-11, Érica Silva Meneses.
“A maternidade não é apenas um aspecto pessoal e familiar, mas também uma questão social que impacta diretamente a estrutura do mercado de trabalho. Por isso, a maternidade jamais deve ser considerada um fator que justifique o afastamento da mulher da vida profissional. Pelo contrário, é fundamental fortalecer políticas que garantam direitos trabalhistas e condições adequadas para que as mães possam seguir suas trajetórias profissionais”, acrescenta.
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