Os incêndios gigantescos que destroem a Amazônia impedem a chuva e ameaçam a existência da floresta. Especialistas defendem ações urgentes para conter a destruição do bioma.
A coordenadora do Laboratório de Gás de Efeito Estufa do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Luciana Gatti, diz que o país perdeu mais de 50 mil quilômetros de floresta desde 2019. Ela afirma que as mudanças no clima no Brasil estão ligadas à perda de áreas naturais.
“Então se tem menos árvores, nós vamos ter um ambiente mais quente, mais seco, menos chuva. Principalmente nesse período porque vem menos água do oceano para dentro da Amazônia nesse período. Então depende mais do trabalho das árvores. E nós estamos perdendo floresta numa aceleração muito chocante para esse projeto de Brasil exportador de carnes, de soja, de milho, de madeira.”
O hidrogeólogo e professor da Universidade Federal do Pará, Norbert Fenzl, explica que o calor do fogo não permite a formação de nuvens de chuva.
“Se agora você queima e você cria focos de imenso calor e esse calor irradia a 10km, 15 km pra cima da nossa atmosfera, isso impede obviamente a precipitação. Então quanto mais você queima, mais você afasta a possibilidade da chuva.”
Luciana Gatti alerta que o Brasil não tem tempo a perder. A meta de desmatamento zero até 2030 não é suficiente. É preciso parar a derrubada de árvores e fazer grandes campanhas de reflorestamento.
“Se a gente esperar até 2030 pra conseguir essa faceta, a gente já vai ter perdido a Amazônia. O aumento de temperatura no planeta tá muito maior do que se previa. A gente precisa decretar estado de emergência climática no Brasil inteiro e ter medidas duras e essas queimadas atuais com certeza pioraram em muito problema. Deveria ser classificado como crime hediondo.”
O professor Fenzl defende o uso responsável da floresta Amazônica, sem destruí-la por motivos meramente econômicos.
“Nós não podemos ocupar e destruir a Amazônia de acordo com interesses econômicos que não atendem na realidade à necessidade da grande massa da população. É muito simples. Para isso, precisamos ter um plano nacional de manejo e de ocupação dessa região.”
Até setembro, a Amazônia registrou mais de 103 mil focos de incêndio em 2024. Isso é mais que em todo o ano passado.
Fonte: Agência Brasil