Em Anamã (a 165 quilômetros de Manaus), um hospital flutuante foi montado pelo Governo do Amazonas para o atendimento da população durante o período de cheia dos rios. Conhecida como Veneza amazônica, a cidade é uma das mais afetadas pela subida das águas no estado.

A estrutura do hospital Francisco Salles de Moura, que está parcialmente inundado pela enchente, foi transferida para uma balsa. Inaugurado pelo governador Wilson Lima, no mês passado, o local está equipado para realizar atendimentos de urgência e emergência, dispondo de sala de parto, laboratório, recepção, consultórios, alojamento para as enfermarias, refeitório e cozinha. Ao todo, são 44 leitos, sendo 16 macas hospitalares na parte inferior e 28 no piso superior.

“Praticamente todo ano a gente enfrenta essa situação. A enchente traz consigo várias consequências. Fizemos agora um parto sem nenhuma intercorrência. Essa balsa é de suma importância. Sem a balsa, o que seria da gente daqui? Seria impossível a gente estar debaixo d’água no hospital. Essa balsa é maravilhosa para a gente fazer o atendimento”, afirmou o clínico-geral Dager Dourado Jordan.

O profissional, que atende há 12 anos em Anamã, é um dos mais de 50 trabalhadores – entre médicos, enfermeiros, técnicos e demais servidores – deslocados para prestar atendimento na balsa. Ele foi o responsável pelo parto do pequeno Ícaro, o primeiro bebê de 2022 nascido no hospital flutuante, no dia 19 de maio.

Pai de primeira viagem, o autônomo Jorge Castro, 24, comentou a emoção e o alívio após o nascimento da criança na embarcação. “O atendimento foi bom, é a primeira vez que eu sou pai, estou muito feliz. Não esperava, porque (o nascimento) estava previsto para o começo do mês, quando ainda não estava tudo alagado”, disse Jorge, ao agradecer pela instalação da balsa.

Atendimentos

Anamã, na calha do Baixo Solimões, está em situação de emergência, de acordo com monitoramento da Defesa Civil do Estado. A balsa para o funcionamento do hospital, que recebeu a visita do governador Wilson Lima no dia 20 de maio, foi alugada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), com investimento total de R$ 590 mil.

De acordo com a equipe médica, o espaço é fundamental para não deixar a população desassistida durante a subida dos rios.

“Desde as internações, pessoas com diabetes, pessoas hipertensas, partos, acidentes, a gente tem a capacidade de atender. Os profissionais que nós temos são todos capacitados. A nossa realidade é essa, mas a gente aprende a conviver e vai lidando. A gente não tem do que se queixar, dá para atender e para ser feliz aqui”, destacou o clínico-geral Dager Dourado Jordan.

A previsão é de que o hospital flutuante siga funcionando por cerca de 90 dias em Anamã, ou até que haja condições para utilização da unidade hospitalar novamente, com a descida do rio Solimões. A medida faz parte da Operação Enchente 2022, lançada para prestar apoio aos municípios afetados com a subida dos rios.

FOTOS: Bruno Zanardo/Secom

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