A invasão da Rússia à Ucrânia completa dois anos neste sábado (24). Uma das principais justificativas do governo russo para o avanço militar foi a adesão da Ucrânia na OTAN, a aliança de países europeus e Estados Unidos.
O conflito acabou mobilizando países ocidentais, no suporte financeiro e militar a Ucrânia. Mas especialistas indicam que a situação da Rússia, hoje, é mais confortável que a Ucrânia na guerra.
Mesmo com as sanções dos países europeus e dos Estados Unidos, a economia russa conseguiu crescer 3,6% em 2023, impulsionada pelos gastos militares.
O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC Gilberto Maringoni diz que a estratégia desses países era estrangular economicamente a Rússia. “Qual era a expectativa, iria haver uma guerra, a Rússia por ser uma economia muito mais frágil que a economia americana, que a economia alemã, logo entraria em recessão. Não teria condições e meios de financiar uma guerra muito prolongada. Iria isolar o país. E ele perdendo no campo de batalha, seria estrangulado econômica e financeiramente. Isso não só não aconteceu como a Rússia teve um crescimento surpreendente. A Rússia cresceu, em 2023, 3,6%”.
Segundo Maringoni, a Rússia conseguiu criar oportunidades de negócios, principalmente junto ao mercado chinês e outros países asiáticos.
O professor de Relações Internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa Robson Valez destaca que as sanções não foram capazes de impedir a Rússia de continuar a guerra. Ele acredita que será difícil para a Ucrânia evitar a perda de territórios em um possível fim do conflito. “As evidências apontam que os custos políticos e econômicos dessa guerra, desse confronto têm sido mais desfavoráveis à Ucrância e seus aliados do que a Putin e à economia russa. Não vejo um cenário possível de negociação de paz e encerramento do conflito sem algum tipo de perda territorial para Ucrânia e sem algum tipo de desmilitarização também. Esses seriam pontos caros no que diz respeito à segurança nacional do território russo”.
A Ucrânia vive hoje em colapso, com a dependência de recursos dos aliados. A ajuda bilionária que viria dos Estados Unidos, por exemplo, está parada num impasse entre governo e oposição.
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