A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), por meio do Polo do Baixo Amazonas, firmou um termo de colaboração para a implementação de práticas educacionais junto aos detentos do município de Nhamundá. A parceria inclui um termo específico para um projeto de produção literária, que vai garantir a remição de 11 dias de pena dos participantes.
O termo foi firmado com o Juízo da Vara Comarca de Nhamundá, o Ministério Público do Estado do Amazonas, a Secretaria Municipal de Educação de Nhamundá, a Delegacia de Polícia de Nhamundá e o Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O projeto “Esperançar” será desenvolvido no período de um mês, com 20 dias úteis para trabalho na produção do conteúdo literário. Após a fase de composição de obra coletiva, haverá a respectiva leitura da produção e a publicação de uma obra coletiva.
O voluntário participante que completar todas as etapas do projeto vai ganhar 11 dias de remição de pena, levando em conta a participação na oficina “Escrevivências”, que foi realizada no último dia 27 de setembro.
O defensor público Daniel Bettanin explicou que o projeto Esperançar, é uma iniciativa da DPE-AM que já alcançou outros municípios do interior. “Começamos com uma parceria lá em Maués. Na época, denominamos de Esperançar esses movimentos mais amplos de tentar novas formas de remição de pena. Fizemos várias coisas: teve atividade esportiva, leitura, palestras. Aqui em Nhamundá, retomamos a remição pela leitura e, agora, iniciamos a ideia da produção literária”, explicou.
“Os participantes vão escrever contos durante um mês, passagens pessoais, poesias, poemas… tudo isso a gente vai compilar e publicar como uma obra coletiva. Para isso, firmamos um novo termo de colaboração com o Judiciário, Ministério Público, Semed e Ufam, de como que vai ser isso. Pelo intervalo de 30 dias, eles vão se dedicar nesse projeto para fazer jus, ao fim, a 11 dias de remição de pena, se eles cumprirem as etapas direitinho”, finalizou.
Segundo o defensor público Miguel Martins, também responsável pelo atendimento em Nhamundá, “precisamos beber dos ensinamentos de Paulo Freire, no entanto, como uma nova leitura, a fim de mostrar que existe uma pluralidade de vivências e muito a ensinar”.
A professora Maria Audirene Cordeiro, da Ufam, destaca que o projeto visa à reflexão através da escrita. “Através desse projeto, nós pretendemos que as pessoas façam uma reflexão das suas memórias, das suas lembranças e das suas vivências cotidianas, e transfira isso para a escrita. A técnica é simples, até mesmo uma pessoa semianalfabeta consegue descrever as suas vivências e narrá-las em um texto curto e preciso”, disse.
O projeto conta com a supervisão e acompanhamento constante pela professora Tatiana Paulain, da Secretaria de Educação do Município de Nhamundá.
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