O aumento expressivo no número de novos casos de Covid-19 confirmados nos últimos dias, no Amazonas, é reflexo tanto da ampliação da rede de diagnóstico quanto do aumento da testagem no estado. Quem faz a avaliação é o diretor-técnico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Cristiano Fernandes, que acompanha de perto as análises da situação epidemiológica local.
Segundo ele, quanto mais sensível a rede de diagnóstico, maior é a captação de casos. “Como nós tínhamos uma parcela de amostras reprimida, fizemos uma força-tarefa para atualizar nosso banco de diagnóstico, e isso aumentou significativamente o número de casos registrados. Aumentamos nossa capacidade de processar as amostras, então a tendência é termos mais diagnósticos”, explicou.
Essa ampliação teve início no dia 28 de abril, quando o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), vinculado à FVS, anunciou uma parceria com a Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e a Fiocruz Amazônia para aumentar em cerca de 30% o processamento dos exames de Covid-19 por meio da técnica RT-PCR (biologia molecular).
Atualmente, o Lacen-AM entrega cerca de 720 resultados por dia, em regime de trabalho de 24h. Em paralelo, a FMT-HVD tem capacidade para analisar, no mínimo, 200 amostras por dia, enquanto a Fiocruz Amazônia consegue processar pelo menos 100 exames diários – ambos possuem estrutura para ampliar esse suporte, conforme a demanda.
Uma semana após a descentralização dos diagnósticos, os dois laboratórios parceiros já liberaram aproximadamente 1.000 resultados cada.
Curva ascendente – De acordo com Cristiano Fernandes, a partir desses números, a FVS tem analisado linhas de tendência que mostram que o Amazonas ainda está com a curva de casos em crescimento.
“As pessoas estão na expectativa de já termos superado o pico, mas não conseguimos afirmar essa redução ainda, pelo contrário, estamos com aumento. O interior passou de 30% para 40% do total de casos notificados no estado, então isso mostra um aumento da doença”, ponderou.
Ele destacou, ainda, que esses dados refletem apenas uma parcela da realidade, uma vez que o Brasil não testa todos os casos sintomáticos e que 80% das pessoas infectadas pelo novo coronavírus não apresentam sintomas, como demonstram os estudos realizados até agora.
Testagem – Além do aumento na capacidade de diagnóstico, o Governo do Estado também tem direcionado esforços à ampliação da testagem no Amazonas, seja por meio da aquisição de insumos para exames por biologia molecular ou pelo incremento à distribuição de testes rápidos no interior.
De acordo com a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), que coordena o estoque de insumos da área de saúde, foram distribuídos mais de 29 mil testes rápidos para o novo coronavírus entre os municípios do interior desde o mês de março.
Além disso, o estado tem recebido um apoio importante do Governo Federal, que enviou ao Amazonas, até o momento, 60.940 testes rápidos e 13.928 kits para exames por RT-PCR. Para reforçar esse estoque, a Secretaria de Saúde (Susam) também fez a aquisição de 20 mil testes rápidos.
Outra estratégia adotada pelo Governo do Estado é a testagem dos profissionais da saúde e da segurança pública, que são essenciais neste contexto de pandemia. Segundo a FVS, já foram realizados 3.594 testes rápidos com essas categorias em quatro pontos de coleta da capital. O serviço exclusivo é feito mediante agendamento pelo aplicativo Sasi.
FOTOS: Rell Santos / Secom