Os projetos MI Moda Indígena, Arte com Toque e Kaxiri na Kuia foram tema de evento intercultural sobre a diversidade étnica, numa iniciativa da Dra. Jaqueline Perruso, Karen Wennik e Maria da Penha dos Santos, no sábado, 4/10, em um dos mais renomados centros culturais da cidade de Veneza, o Candiani.
As apresentações foram feitos pelas estilistas Indígenas amazonenses Seanne Oliveira Munduruku, Sandra Munduruku, Elisângela Apurinã, Rebeca Ferreira Munduruku, durante duas horas de apresentação e debate com a plateia formada por professores, membros de associações e comunidades brasileiras e jornalistas.
Segundo a designer e administradora do projeto e marca MI Moda Indígena, Rebeca Ferreira Munduruku, a palestra teve além como dos projetos indígenas amazonenses, o objetivo geral de abordar a interculturalidade e desenvolvimento das pesquisas e projetos sobre a moda indígena e etnias do Brasil. “Os europeus são curiosos quanto a origem como é extraído, produzido e adquirido nossos produtos e insumos”, pela preocupação com o ciclo e sustentabilidade.
Eles perguntaram sobre o retorno social às comunidades indígenas, a importância do trabalho coletivo e o perigo da ocidentalização na moda indígena. ” Falamos somente em nome do nosso próprio projeto pela nossa própria experiência e perspectiva, e afirmamos que como coletivo entendemos que a Moda é uma ferramenta para falar sobre interculturalidade étnica indígena com retorno social e empreendedorismo consciente e sustentável”, disse Rebeca, e seguiu: “Como coletivo, trabalhamos pelas comunidades. É que na nossa visão, o perigo de tornar a Moda Indígena comercial está a partir do momento que o coletivo não existe”, concluiu afirmando que todos os indígenas vivem pelo coletivo; e se a moda frisa apenas a divulgação de um nome e a centralização de uma pessoa, nesse momento já se tornou comercial e ocidentalizado, frisou.
As estilistas mostraram nas apresentações o cenário local de Manaus, onde existe um polo de produção artesanal e indígena que possibilita a integração de comunidades no mercado de moda.
Projetos
Outros assuntos também apresentados foram o Arte com Toque, de arte visual, e o Kaxiri na Kuia, de dança. Outra atração do grupo são as biojoias em brincos e colares, adornos de cabeça de arte plumária que encantam os europeus pelas cores das penas, sementes, e a temática ambiental muito na moda.
Projeto MI Moda Indígena
MI MODA INDÍGENA é uma marca e projeto criado pelas mulheres indígenas Rebeca Ferreira e Seanne Oliveira, do povo Munduruku. Em novembro de 2021, a professora e designer Seanne Oliveira, também conhecida como Seanny Artes, criou o projeto Desfile Intercultural de Moda Indígena, com o objetivo de promover a economia criativa dos povos indígenas de Manaus que vivem nas áreas urbanas da cidade. O MI MODA INDÍGENA teve início com um curso de formação em moda indígena, posteriormente renomeado Programa de Formação de Designers de Moda, em dezembro de 2021, na comunidade Parque das Tribos, com a participação de 32 estudantes indígenas de 15 etnias diferentes. O projeto também alcançou a aldeia Inhaã-Bé, a comunidade Watyamã e a comunidade Estrela de Davi Kokama. Em abril de 2022, o programa Rede de Cultura do Amazonas, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas, sediou a edição de 2022 do 1º Salão Intercultural de Moda Indígena, resultado do projeto desenvolvido nas comunidades de Manaus.
O tema da primeira edição foi “Design Gráfico Indígena: Tradição, Ascendência e Contemporaneidade”, que expôs o multiculturalismo étnico dos povos indígenas da Amazônia por meio de grafismos incorporados às roupas e aos corpos. Em julho de 2022, o projeto se consolidou como marca, assumindo o nome MI Moda Indígena, dando continuidade e se desenvolvendo.
Em 2023, a MI Moda Indígena foi a primeira marca brasileira de moda indígena a participar de uma Semana Internacional de Moda, por meio da revista britânica High Profile Magazine e da empresa Best of Brazil.
CIC, fortalecendo parcerias e desenvolvendo projetos com a comunidade britânica. Em 2024, o MI Moda Indígena participou da JCA London Fashion Academy, liderada pelo designer Professor Jimmy Choo, e
colaborou com a CVS Brent e a Loteria Nacional por meio do projeto Fundo do Patrimônio da Loteria Nacional, em colaboração com o Best of Brazil e a JCA. Atualmente, o MI Moda Indígena colabora com a Bullock Inclusion em projetos de desenvolvimento de moda e por meio de um projeto paralelo criado pelo designer Seanny Munduruku, chamado Arte com Toque, que desenvolve processos artísticos para pessoas com deficiência visual e baixa visão.
Foto: Jully Leslly e Alberto Zuluani