Uma mistura de sentimentos está presente no coração passando diante do corpo daquele que tem sido uma luz para a humanidade e para a grande maioria dos 1,4 bilhão de católicos do mundo nos últimos 12 anos, embora a multidão de pessoas presentes exija que isso seja feito rapidamente.
Reconhecimento de todo o mundo
O velório de Papa Francisco, que será sepultado neste sábado na Basílica de Santa Maria Maggiore, após o funeral na Praça de São Pedro, é um sinal de reconhecimento por parte das pessoas de todo o mundo. Mas também pelas mais de 200 delegações oficiais que viajaram a Roma para mostrar suas condolências.
De uma dessas periferias veio o arcebispo de Manaus, o cardeal Leonardo Ulrich Steiner. A Amazônia sempre ocupou um lugar especial no coração do último pontífice. Lembro-me da última vez que tive a oportunidade de cumprimentá-lo brevemente, quando lhe contei que minha missão era ser pároco na Área Missionária de San José do Rio Negro, na arquidiocese de Manaus, composta por 26 comunidades indígenas e ribeirinhas. Francisco respondeu: “Que missão linda!”
Muito a agradecer a Papa Francisco
Um carinho que também está presente naqueles que vivem nessas e em tantas outras comunidades Amazônia afora, que pediram nesses dias que eu também levasse suas vidas para o velório do Papa. Um sentimento de gratidão que o Cardeal Steiner trouxe para Roma. Logo após rezar diante do caixão de Francisco, instalado na Basílica de São Pedro, o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) ressaltou que “nós da Amazônia temos muito a agradecer a Papa Francisco por de novo trazer a Amazônia para a discussão, mas especialmente nos despertar para com o cuidado para com a Amazônia”.
O arcebispo de Manaus ressaltou que “não só a região amazônica, mas os povos que ali vivem, as culturas”. Segundo o Cardeal Steiner, “tudo isso nós somos muito gratos ao Papa Francisco por nos ter ajudado a repensar e ajudar a incentivar as nossas comunidades a viverem a sua fé nessa realidade da Amazônia”, concluindo suas breves palavras com um “muito obrigado, Papa Francisco”.
O Cardeal Steiner é alguém profundamente alinhado com o Magistério do Papa Francisco, tendo promovido de várias maneiras a sinodalidade, o cuidado com os pobres, especialmente a população em situação de rua, o cuidado com a casa comum, o protagonismo das mulheres e a defesa dos povos indígenas. Soma-se a isso sua grande devoção, como franciscano, a Francisco de Assis, incentivando constantemente a descoberta da presença de Deus em todas as criaturas, sentimento presente no conceito de ecologia integral, promovido pelo Papa argentino.
Gratidão do povo brasileiro
Esse sentimento de gratidão a Francisco também está muito presente nos dias de hoje entre o povo brasileiro. Ele é um Papa muito querido no Brasil, a ponto de, em uma ocasião, um cardeal brasileiro ter dito a Papa Francisco que ele havia conseguido realizar um milagre durante sua vida, que os brasileiros gostassem de um argentino, fazendo o Papa dar uma gargalhada.
Uma grande delegação do governo brasileiro prestou suas condolências diante do caixão do Papa, encabeçada pelo presidente Lula, um admirador declarado do pontífice, sua esposa Janja, os presidentes do Congresso, do Senado, do Supremo Tribunal Federal, ministros, parlamentares e a ex-presidente Dilma, que admitiu, como também era visível em Lula, que estava abalada com a morte de Francisco.
Fonte: CNBB