Ataques entre Israel e Irã causam mais de 90 mortes

Países trocam bombardeios desde sexta-feira. Presidente dos EUA, Donald Trump, adverte iranianos.

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Com o aumento das preocupações sobre uma conflagração regional e a disparada nos preços do petróleo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saudou a ofensiva israelense e negou alegações iranianas de que os EUA tiveram participação nela. Ele advertiu Teerã a não ampliar sua retaliação para incluir alvos norte-americanos. “Se formos atacados de qualquer forma, maneira ou tipo pelo Irã, toda a força e poder das Forças Armadas dos EUA cairão sobre vocês a níveis nunca antes vistos”, afirmou em uma mensagem no Truth Social.

“No entanto, podemos facilmente conseguir um acordo entre o Irã e Israel e acabar com esse conflito sangrento.” Mais cedo neste domingo, Trump afirmou que as partes terão paz “em breve”, acrescentando que muitas reuniões não especificadas estavam ocorrendo.

Equipes de resgate israelenses vasculharam os escombros de prédios residenciais destruídos por mísseis iranianos, usando cães farejadores e escavadeiras pesadas para procurar sobreviventes após ao menos 10 pessoas, incluindo crianças, serem mortas, elevando o total de mortos em dois dias para 13.

Sirenes soaram por Israel após as 16h deste domingo, no horário local, no primeiro alerta desse tipo à luz do dia, e novas explosões puderam ser ouvidas em Tel Aviv.

No Irã, imagens da capital mostram o céu noturno iluminado por um enorme incêndio em um depósito de combustível após Israel iniciar ataques contra o setor de petróleo e gás do Irã – aumentando os riscos para a economia global e o funcionamento do Estado iraniano.

O Irã não divulgou um número total de mortos, mas informou que 78 pessoas foram mortas na sexta-feira e muitas outras morreram desde então, incluindo em um único ataque que matou 60 pessoas no sábado, metade delas crianças, em um prédio de 14 andares que foi completamente destruído em Teerã.

O Exército israelense alertou os iranianos que vivem perto de instalações militares a se retirarem. “O Irã pagará um preço alto pelo assassinato de civis, mulheres e crianças”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de uma sacada com vista para apartamentos destruídos na cidade de Bat Yam, onde seis pessoas foram mortas. Uma autoridade disse que Israel ainda tem uma longa lista de alvos no Irã e se recusou a dizer por quanto tempo a ofensiva continuará.

Os alvos atingidos no sábado à noite incluíram duas instalações de combustível de “uso duplo” que apoiam operações militares e nucleares, segundo a autoridade. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que as respostas do Irã se tornarão “mais decisivas e severas” se as ações hostis de Israel continuarem. Céus israelenses foram riscados por rajadas de mísseis iranianos e foguetes interceptadores israelenses.

Origem do conflito

Na sexta-feira, Israel realizou ataques aéreos contra instalações nucleares iranianas, matando 20 comandantes militares, incluindo o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, além de seis cientistas nucleares. Teerã retaliou com cerca de 200 mísseis balísticos em direção a Israel.

Um dia antes, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aprovou uma resolução afirmando que o Irã não estava cumprindo suas obrigações de salvaguardas nucleares. O diretor da AIEA, Rafael Grossi, informou que o Irã estaria enriquecendo urânio a 60% e possui um estoque de 400 quilos de urânio enriquecido, o que levantou temores em Israel de que Teerã estivesse próximo de desenvolver uma arma nuclear.

O professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, Ronaldo Carmona, destacou que Israel encontrou uma janela de oportunidade para atacar o Irã, que estava enfraquecido após a queda de aliados regionais como o Hezbollah, no Líbano, e o governo de Bashar al-Assad, na Síria, além da morte do presidente iraniano em um acidente de helicóptero em 2024. “O eixo de resistência liderado pelo Irã perdeu força nos últimos anos, e Israel aproveitou esse momento para tentar neutralizar a ameaça nuclear iraniana”, afirmou Carmona.

Enquanto isso, a comunidade internacional pede contenção. O Brasil condenou os ataques israelenses, classificando-os como uma violação da soberania iraniana, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu o fim imediato das hostilidades. A disparada do preço do petróleo, que subiu cerca de 7% na sexta-feira, reflete temores de uma interrupção no Estreito de Ormuz, por onde passa grande parte do comércio global de petróleo. O general iraniano Esmail Kosari afirmou que o país avalia fechar essa rota estratégica.

Riscos de escalada

Especialistas alertam para o risco de uma guerra regional ou até global. “Um conflito direto entre Israel e Irã, com o envolvimento de potências como os EUA, pode desestabilizar o Oriente Médio e impactar a economia mundial”, disse Carmona. A professora de Relações Internacionais da Faculdade Ibmec, Natalia Fingermann, destacou o perigo de uma escalada nuclear, dado que Israel, que nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), possui cerca de 200 ogivas nucleares, segundo estimativas do general norte-americano Colin Powell.

As negociações entre os EUA e o Irã sobre o programa nuclear, previstas para recomeçar neste domingo, foram suspensas. Trump insistiu que Teerã ainda tem tempo para chegar a um acordo, mas advertiu que “os próximos ataques serão ainda mais brutais”. Enquanto isso, civis em ambos os lados sofrem as consequências. Em Teerã, moradores relatam pânico e tentativas de deixar o país, enquanto em Israel, sirenes e explosões interrompem a vida cotidiana.

Fonte: Agência Brasil

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