A primeira ação do projeto Afroliterariedades na Escola ocorrerá no dia 09 de setembro, na Escola Municipal Poetisa Cora Coralina, na zona norte da capital. A programação inclui as atividades em sala de aula “Explorando As Aventuras de Ngunga: uma viagem literária em sala de aula”, ministrada pela Profa. Ma. Emanuelle Valente para as turmas de 8º ano do turno matutino, e “Versos que resistem: navegando pelas memórias de Conceição Evaristo”, ministrada pela Profa. Karolina Gonzaga para as turmas de 9º ano do turno matutino. Simultaneamente, a Profa. Ma. Lethicia Bernardino ministrará a formação “A lei 10.639 e possibilidades para a mediação de leitura das literaturas africanas e afro-brasileira em sala de aula” aos docentes da disciplina de Língua Portuguesa dos 8º e 9º anos do turno matutino.

Tendo em vista a necessidade de reconhecimento das identidades negras e afrodiaspóricas no processo de formação cultural brasileira e amazônica, assim como o estímulo à leitura para o desenvolvimento de competências e habilidades de comunicação, de sociabilidades e de acesso aos bens culturais, o projeto Afroliterariedades na Escola se apresenta como uma proposta de difundir o conhecimento e a prática de leitura das literaturas africanas e afro-brasileira em escolas públicas de Manaus. O Afroliterariedades na Escola é coordenado pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes (PPGLA) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Profa. Ma. Lethicia Bernardino, sob orientação da Profa. Dra. Renata Rolon, docente do PPGLA, ambas pesquisadoras do Grupo de Estudo e Pesquisa em Estudos Comparados, Crítica e Africanidades (Gepecca), vinculado ao PPGLA/UEA e ao CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A comissão técnica é composta ainda pelo(a)s doutorando(a)s do PPGLA, Profa. Ma. Adriana Antonaccio, Prof. Me. João Alves e a Profa. Ma. Karen Cordeiro, além do egresso Prof. Me. Alexandre Lira e da mestranda Profa. Maria Beatriz Rodrigues, também pesquisadores do Gepecca.

A iniciativa busca contribuir para a formação leitora dos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental II, em escolas já selecionadas previamente à implementação do projeto, visando ao estímulo das competências e habilidades nos níveis de decodificação, compreensão e interpretação de textos, bem como ao reconhecimento das culturas africanas e afro-brasileira através da literatura. Para esses fins, entre as metas, estão a contribuição e o estímulo para a formação continuada de professores, simultaneamente à realização de atividades com os alunos nas escolas selecionadas, a produção de material didático em versão e-book e a participação de discentes e egressos do Grupo, assim como a de outros convidados especialistas nas temáticas abordadas, estabelecendo pontes entre universidade e comunidade.

Sobre a importância e a necessidade da valorização de iniciativas como o Afroliterariedades da Escola na educação básica, a coordenadora do projeto, Lethicia Bernardino, destaca: “A presença de estudantes de nível acadêmico na escola é importante porque promove uma troca de saberes. À medida que essa troca é realizada, nós entregamos um pouco do que aprendemos com a leitura das literaturas que estudamos e com as discussões teóricas tecidas no âmbito da universidade, confrontando-as com a realidade do espaço escolar. Essa dinâmica pode reconfigurar a nossa visão e nos levar a identificar as reais dificuldades enfrentadas por professores no ensino das literaturas que propomos para o projeto. É um projeto de implementação que visa à valorização e divulgação das literaturas africanas e afro-brasileira no ensino básico, pensando principalmente na formação de sujeitos, mas, em alguma medida, também nos proporciona um diagnóstico de como poderemos contribuir ainda mais nas próximas visitas às escolas”, afirma a pesquisadora.

O projeto foi contemplado pelo Prêmio Manaus Identidade Cultural Demais Linguagens – Edital de chamamento público n° 005/2023 (Lei n° 195/2022 Paulo Gustavo) na categoria Literatura, modalidade Capacitação e Formação, realizado pela Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho Municipal de Cultura, e pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura. Atendendo às demandas do edital, a execução do Afroliterariedades na Escola tem vigência até 30 de junho de 2025.

Demais ações

Posteriormente, as ações do Afroliterariedades na Escola acontecerão em mais três escolas de Manaus, sendo: Escola Municipal Biólogo Adolpho Ducke, na zona norte, Escola Estadual Prof. José Bernardino Lindoso, também na zona norte, e Escola Estadual Altair Severiano Nunes, na zona centro-sul.

Sobre o Gepecca

Formado em 2020, sob coordenação da Profa. Dra. Renata Rolon, o Grupo objetiva fomentar a análise acerca dos autores e obras dos países que fazem parte dos PALOPs (países africanos de língua oficial portuguesa), a partir do comparatismo literário em conjunto com a crítica e com a literatura brasileira. Interessa pesquisar: a formação do campo literário; a constituição da identidade nacional; os aportes dos movimentos africanistas (Pan-africanismo e Negritude); a construção do espaço e a busca da linguagem; os entrecruzamentos entre oralidade e escrita e a presença brasileira na formação das literaturas e culturas africanas na pré e na pós-independência.

Foto: Divulgação

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