Em discurso na Espanha, Lula faz acenos à China e pede criação de “G20 da paz” contra guerras

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Em discurso ao lado do premiê espanhol, Pedro Sánchez, em Madri, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez acenos à China e pediu a criação do “G20 da paz” contra guerras, nesta quarta-feira (26).

“A China já é a segunda economia mundial e possivelmente no próximo ano será a primeira. Com uma diferença: faz muitos anos que a China não faz guerra. Isso é uma demonstração que somente com muita paz é possível aproveitar o dinheiro para gerar emprego e bem-estar social”, disse Lula.

O presidente teceu críticas ao Conselho de Segurança da ONU, que conta atualmente com cinco membros permanentes: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China.

“Vivemos o mundo em que o Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes, todos eles são os maiores produtores e vendedores de armas do mundo, são os maiores participantes de guerras do mundo. Então, eu fico me perguntando se não cabe a nós, outros países que não são membros permanentes, fazer uma mudança na ONU”, destacou Lula.

Segundo ele, é preciso “construir um novo mecanismo internacional que possa fazer coisas diferentes”.

“Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, não houve discussão no Conselho de Segurança. Quando a França e a Inglaterra invadiram a Líbia e quando a Rússia invadiu a Ucrânia, também não se discutiu”, afirmou o presidente.

“Ora, se os membros que têm a responsabilidade de dirigir a paz mundial não pedem licença, por que os outros têm que obedecer? Então, eu acho que está na hora de a gente começar a mudar as coisas. Está na hora de a gente criar o G20 da paz, que deveria ser a ONU”, acrescentou.

Guerra na Ucrânia

Durante sua fala, Lula declarou que “ninguém pode ter dúvida de que nós, brasileiros, condenamos a violação territorial [da Ucrânia]”. De acordo com o petista, a guerra precisa terminar “porque você só vai discutir o acerto de contas quando parar de atirar”.

Questionado por repórteres sobre a situação da Crimeia, península do Mar Negro anexada pela Rússia em 2014, Lula afirmou que não cabe a ele decidir de quem é o território.

“Quando você sentar em uma mesa de negociação, você pode discutir qualquer coisa, até a Crimeia, mas não sou eu quem vou discutir isso. Primeiro, para a guerra, depois vamos conversar o que vai resolver”, salientou.

“Cada um acha que tem razão, que pode mais, e o povo não para de morrer”, completou Lula.

Durante café da manhã com jornalistas no último dia 6, Lula havia sugerido que a Rússia poderia permanecer com a posse da Crimeia.

“O que Putin quer? Ele não pode ficar com o território da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia, mas, o que ele invadiu de novidade, vai ter que repensar”, declarou na ocasião.

À época, o porta-voz da diplomacia da Ucrânia, Oleg Nikolenko, agradeceu os esforços de Lula para encontrar uma solução para o conflito. Entretanto, ele complementou: “Não há nenhuma razão legal, política ou moral pela qual temos de ceder pelo menos um centímetro de terra ucraniana”.

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